sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Eram dias em que as cores pareciam desbotar....as grades foram abertas e ele continuava a pestanejar que podia abrir as asas...Pois, as cores estavam desbotadas, bem surradas pelos giros da máquina de lavar e ainda se encontravam pesadas pela água. Ele então começa a torcer-las afim de coloca-las para secar, mas secar onde mesmo? o sol não aparecia nestes tempos...o outono parecia abafado e o sol de vez em quando pintava-se entre as nuvens. Ele continuava a torcer, ficava todo amassado mas continuava. A cada torcida a água escorria, e parecia, digo parecia porque é só uma ilusão!, que escorria a cor junto com ela. Mas ele sentia que fazia parte e continuava, Até quando ela apareceu. Ah! seus grandes olhos com aquele olhar sapeca e vivido, suas roupas com cores que causavam alarde ao sangue que corria em suas veias, ah aqueles detalhezinhos que já não tinham graça nestes tempos começam a brotar-lhe aos olhos, e novos elementos começam a surgir...sente que suas asas começam a necessitar de movimento e que estes tempos começavam a mudar de figura, e o estranho era que ele via esse processo ocorrer claramente, suas penas já não eram mais totalmente negras, já se viam penugens vermelhas, verdes.... Ele começa a sentir cheiro de música saindo do forno...prontamente ele levanta abre as asas e se arrisca novamente nos céus...upa lálá! o que será que acontecerá?! como diz Rubem Alves, o pássaro só é encantado quando não está preso...mesmo que na sua propria cachola, digo, gaiola.