segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Pega-Pega



Quem me dera que todos os dias eu pudesse correr por entre os pensamentos livres e escapulidos das bocas, mesmo as mais tímidas, mesmo as mais inquietas, mesmo as mais incisivas e ainda sim encontrasse ouvidos atentos e com sede destas palavras, que os olhares continuassem a procurar os sentimentos dentro dos “pra mim...”, “Eu Acho...”, “Eu Acredito...”, “Eu vi Assim...” e que estes continuassem a viverem estes mínimos momentos de serem eles mesmos, assumindo que os são... Que as brincadeiras de pega-pega não buscassem só passar o pega, mas que buscassem também o contato da sua mão suada de ansiedade com a pele grudenta de suor daquele que foge desta mão, que quando neste milésimo de segundo que este momento durasse o toque fosse real, fosse vivido, fosse experiência consciente de pegar o outro e passar a este outro a chance de pegar mais alguém. E seguir esta brincadeira, ouvir risos, ver o céu se abrir e continuar a correr ao encontro, aos encontros... Que Pena que algumas pessoas acabam correndo tanto que esquecem por que estavam correndo, que começam a empurrar e se esbarrar com os outros, através de sua ânsia pelo correr, mesmo que sem por que, visto que, a essa altura do campeonato me parece que eles já fugiram a brincadeira... Então deixam de ouvir as gargalhadas, passam ouvindo sussurros de risos, pequenos detalhes passam despercebidos, os contatos acabam se tornando grosseiros e sem contexto, sem pretexto. Assim sem perceber os esbarrões são cada vez mais agressivos e raros, são cada vez mais estranhos e dolorosos, e cada vez menos percebem-se perto da brincadeira que faziam parte desde o momento que se conceberam como gente. Que Bom que encontrei-me dentro dessa brincadeira, que bom que percebi que cada vez mais eu estava perto de quem estava pegando e que eu quando menos percebi estava pegando também, estava rindo, estava, estava lá, estava aqui, estava acolá, estava de verdade! Corria, com a leveza de quem corre da chuva, com o sorriso de quem vai encontrar o tesouro no fim do arco-íris. Quantas vezes meus olhos brilharam ao ver que tinham me passado o pega, que eu é quem tinha que passá-la, então corria mais, e tocava o outro, e o ciclo continuava, eu tocava alguém, alguém me tocava também e riamos até encher os olhos de brilho, íamos continuávamos. Claro que as pedras existiam, e existem, tomamos topadas as vezes até ferimos o dedo feio, mais quando isso acontece alguém nos acolhe a brincadeira dá “dois altos” pra que venham me olhar, e eu me sentia olhado...sem duvidas, existiam divergências de quem pegava?! Às vezes mas nada que olhares e que repassasse o pega pra recomeçar a nossa brincadeira... e assim seguíamos, a brincadeira, o correr, os corpos, a dança...Nada que um pega-pega não resolva não é?!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Entre os dentes...


Começa, as luzes iluminam, e você encontra o momento que tanto fugia: a boca abre-se e você fecha depois. o movimento do maxilar é repetido, e vc já imaginava como seria o procedimento. os dentes se encontram e começam o baile, encontram suas arestas propriamente designadas para este processo, uma curtição ininterrupta, encontro, uns amassam, outros cortam, outros dançam, uns estão em falta, uns doem...E movimento segue sem cessar, mastigando, mastigando, gandomasti, odnagitsam...começa sempre pelas bochechas, ou melhor pela mucosa, começa a ferir, então parte-se para a lingua...a como mastigar a língua dói, mas é importante...pois você depois só cospe pequenos pedaços dela...mastiga, essa parte geralmente se torna transversal ao resto do processo, ao mastigar o resto, a língua cotinua sendo mastigada, não pode-se esquecer que o suco gástrico continua a ser produzido e a ser expelido. e durante isso tudo, você começa a perceber que pouco a pouco o mastigar está sendo vazio, então começa a parar, o movimento vai se diminuindo, vai sendo menos intenso, até que você acaba de mastigar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Reflexo




Já é noite a algum tempo. Sentado a frente da Tv percebo meu reflexo em sua tela. Aumento assutadoramente o volume desta, antes que o volume dos meus pensamentos me ensurdeça brutalmente. Pulo de canal, mentira, me arrasto de canal em canal buscando o cenário que meu reflexo precisa, ele está incongruente com as imagens que o circundeiam. Continuo, apesar de saber que finjo que não sei que não estou prestando atenção àquela projeção de luz intermitente, uma luz que se debruça sobre mim monocromática. A cada comercial, a cada piscadela do meu olho, a cada singela adaptação focal da minha íris sobre aquela caixa de iluminação branda e sorridente, sinto meus pés se afogarem mais e mais no chão. Eles até começam a ficar dormentes, realmente tá até agoniando, parece que nunca viu uma televisão. Meus pensamentos me circulam. Os circulos começam a se transformar em nós, nós continuamos a pensar em circulos. A tv piscava cada vez mais a penumbra do meu Quarto, eu cada vez mais absorto pelas sensações. O reflexo na sua tela se mantinha na mesma posição de horas atrás...Os Nós criavam amarras para as sensações, os olhos vidrados na tela. Meu volume está baixo, quase silêncioso em si, mas alguns tiros me perfuram, escapolem, extrapolam as luzes. Os gritos me chegam aos susurros, como se nada ocorresse, como de fato se dava, nada ocorre, nada, nada e molha a lingua na areia. O corpo já não atende ao sentido, surge a ideia: "...Vou levar minha alma pra passear..."¹.

¹Nação Zumbi

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Encontro dos olhos...


Encontro seus olhos nos mais distantes lugares, nos emaranhados mais embolados de gente, na escuridão mais profunda entrenós...Não se engane pretinha; Seu olho tem um brilho incomum, que talvez só se reflita no meu espelho...E não minto-lhe: Na verdade é isso mesmo que eu espero!


Pra que alguém te ver neste sentido? Ah sou egoísta, sou egoísta sim! não me arrependo e nem sinto culpa. Será que não tenho este direito? Se não tiver, quero que nada mais eu respire, até porque, sem você o oxigênio nem consegue oxigenar os meus plenos pulmões. Sendo assim não tenho escapatória. Tenho de me manter egoísta assim por exigência de sobrevivência ora bolas... Eu sei soa mal, sou estranho essa historia de egoísta, mas não me culpe! culpe a ele...Culpe este salafrário que arrancou o sentido da minha vida e colou junto na sua! brigue com ele... E olhe, ao contrário do que todos dizem, do que eu pensava até, ele não reside em mim...Muito pelo contrário! ele vem e nos estabelece, a gente o constrói...Ah então como já lhe disse não pode me culpar! ele é um articulador, se apropria dos sentidos, de motivos, do querer, do gostar e apaixonar...ele é meticuloso que nem te conto! na verdade na verdade ele só encaixa as peças.


Sendo assim relembro que tenho culpa alguma nisso tudo e que continuarei a lhe escrever, continuarei a te encontrar, continuarei a ver esse brilho do seu olho, continuarei a rir e achar lindo os mínimos detalhes em você, continuarei a achar lindo o seu enrubecer, o seu rir, o seu chorar...continuarei, continuarei, continuarei e ponto. Deixando bem claro que é um ponto de continuação....