sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dúvidas...


O espelho reflete sua imagem distorcida pelo sono. Seus olhos semi-abertos e a campainha incessante do telefone que se acomoda sob o criado mudo, que entupido de dúvidas, por mudo ser, nunca as inferiam...
Ela atende o telefone:
- Alô?!
- Oi.
- Oi...
- E ai?
- Tranquilo.
- Podemos conversar?
- Talvez...
A conversa se estendeu ao longo de intensos 7 minutos e 31 segundos, tempo suficiente pra ela sentir dúvida das suas palavras proferidas 3 dias atrás...Tinham combinado às 3 e ela acabara de desligar o telefone, mas já havia alguém batendo em sua porta.
Ela abriu a porta ainda de pijama, ele estava com aquela blusa seu cheiro adentrava tuas narinas, como fizera ao longo de 3 ininterruptos anos. Sempre que aquele perfume encontrava o seu significado no cerebro, questão de micro segundos, seus pelos da nuca se arrepiavam. Ambos não proferiram nenhuma palavra, em pé um de frente para o outro; ela de pijamas, nada de anormal as vistas dele, e ele com a mesma calça jeans e aquela blusa...Piscar estava cada vez mais dificil, e absolutamente não se sabia de onde surgia oxigênio naquele instante...
Ela se perdeu na hora de convida-lo a entrar e já se viu sentada na beira da sua cama, enquanto ele estava sob o sofá de dois lugares que ficava na parede da janela. Ela sempre soube que ele era diferente, e desejava que só ela soubesse disto. E ele vice-versa.
Ele demonstrava uma força que ela precisava pra suportar a dor de se sentir fraca, e ele vice-versa.
Tudo começou, ou melhor terminou, quando ela descobriu que ele só queria se sentir completo com ela; pra ele vice-versa.
Três longos dias se passaram, e ali estava ele: com a mesma cara, o mesmo cheiro, talvez até o mesmo gosto. O diálogo se dava muito mais por meio das dúvidas de cada um em estar ali, e do até estar ali.
Ele ri, ri muito, ri descontroladamente. Ela então entra no riso... Eram como notas que formavam um acorde perfeito maior...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Crônicas de um palhaço sem graça: 4 episódio


Ele caminhava. tinha 2 minutos que saltara do ônibus e que caminhava em direção da sua casa. ele se sentia imerso nos pensamentos, até que olhou pra cima e viu que o céu estava com uma quantidade de estrelas enorme...Ele nem percebera mas já tinha retornado a uma fantasia, que já não era mais nova, mais era tão desejada que se fazia nova cada vez que era visitada. Lá estava ele na cozinha preparando um jantar, que lhe parecia suculento, um vinho em cima da mesa arrumada, incenso na casa, a porta da varanda aberta e um jazz irrompendo o céu através da porta aberta da varanda. Ele dançava e cantarolava aquela melodia enquanto esperava pelo toque na campainha. Ele estava de costas abrindo o vinho que estava no congelador e preparando as duas taças, como se estivesse prevendo que a campainha tocaria, e de fato ela tocou. Abriu a porta deu aquele sorriso de canto de boca que ela gostava beijou-lhe com carinho e ofereceu a taça que ele já havia preparado. Após duas taças e meia, eles já estavam dançando na varanda sob o olhar atento das estrelas e da lua, magnânima diga-se de passagem, os beijos vinham com o sabor do vinho seco que eles bebiam, é fato, mas eles estavam muito mais com o sabor dos olhares e dos risinhos que eles trocavam... O cd já tinha parado de tocar a tempos, o jantar não tinha sido tocado, a brisa do mar vinha acariciar os seus corpos nús e entrelaçados, que nesse fragmento de tempo pareciam serem como um só, o cheiro do jantar ainda estava no ar... Uma garrafa vazia, duas taças, uma com marca de batom e outra não, roupas largadas sem preucupação pelo chão...

Ele desperta e percebe que novamente estava cheio de saudade de algo que ainda não aconteceu... Respira fundo, sente o oxigênio irrigar todos os seus orgãos e sente renovado. sente que ali ele estava feliz, sente seu corpo sente a noite, sente as estrelas e almeja algo... Um vinho talvez...
Imagem por Vânia medeiros www.flickr.com/vania_medeiros

terça-feira, 1 de abril de 2008

Crônicas de um palhaço sem graça:3 episódio


Um filme. Uma lagrima escorre no canto do olho e ele sente o que sente cada vez mais puro. A porta da varanda está aberta e ele sente aquele sopro frio e úmido acariciar-lhe o rosto. Ele lembra de como gosta deste clima intimista que a chuva lhe causa. O filme já acabara a minutos, os letreiros parecem não cansarem de subir; aquela música o envolve, facilita o proceso intimista. És gostoso estar em paz, e se sentir assim. Ele sente o cheiro da chuva, ouve suas gotas se jogarem ao encontro do inesperado... Ele sente uma dúvida circundear seus pensamentos: Por quê é mesmo que uma gota de chuva escolhe se jogar das nuvens? enquanto tantas pessoas querem estar por lá, e elas se jogam... Enfim ele deixa essa dúvida passar junto com o próximo sopro de vento e volta a sentir o gosto de sentir...Hum que sensação mais autorizadora de si...

De fato a chuva, o cheiro dela, o vento úmido, ele se dá conta como sempre gostou disto, e como agora parecia ainda mais saboroso. Pensa um pouco no futuro, mas desiste antes de pensar demais; é melhor que ele seja um gota de chuva.



"Faça como eu que vou como estou,

porque só o que pode acontecer...


É os pingo da chuva me molhar,

é os pingo da chuva me molhar!

É os pingo da chuva me molhar,

é os pingo da chuva me molhar!"

(Os novos baianos - Os pingo da chuva me molhar - Novos baianos F. C.)