Sentimentos, pensações, entre outras coisas jogadas de maneiras muito fidedignas ao que representam. quase como pedras que arrebentam as janelas do meu ser...
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Sentido.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Pensamentos correninhos....
Eu explico.
Nós somos perfeitos, sem dúvidas, mas somente para nós mesmos.
Afinal só achamos perfeito aquilo que é como o que esperamos.
Como a única coisa que é dessa forma somos nós mesmos,
O resto do mundo torna-se imperfeito para gente,
Apesar da sua perfeição particular...
Ah, disse tudo isso só pra te dizer que você é perfeita,
E que os meus sentidos, falhos como de qualquer ser humano, só uma parte de ti conseguem capturar...
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Entre Braços e Abraços.
Eram tantos braços que ele costumava achar que tinha, que ele se percebia tocando em tudo. Eram tantos que quase sempre nem ele mesmo sabia distingui-los, dar-se conta deles. Os braços pareciam multiplicar-se, chegando ao ponto de que eram braços dos braços e nem tanto mais dele. Ele se sentia tão seguro, rodeado pelos “seus” braços e mãos nada chegava perto dele, antes disso ele já os havia manipulado com suas mãos ágeis e atentas. Tudo corria bem demais, quedas eram transformadas em cambalhotas, visto que suas mãos estavam sempre a postos, cumprimentava tantas pessoas ao mesmo tempo quanto quisesse. Foi na época em que percebeu estas habilidades que iniciou suas apresentações e performances. Eram demonstrações firmes de confiança e segurança, que deixavam as pessoas impressionadas com a sua solidez, ele só não esperava que tudo isso pudesse se tornar um pesadelo.
Certa feita, em mais uma de suas apresentações performáticas, seus olhos avistaram aqueles que seriam os olhos mais singelos e frágeis que já haviam refletido os seus, e imediatamente um desejo súbito de abraçar-lhe o invadiu sem espaço para dúvidas ou questionamentos. Nesse momento seu coração inaugurou e experimentou uma arritmia, o suor escorria, e seus braços se perdiam. Estes últimos pareciam descompostos e logo se atrapalharam, uns batiam nos outros, se enrolavam, davam nós, etc. A imagem em si era estranha, era como se os braços não se entendessem mais, e toda destreza, vigor e inteligência demonstrada ao longo de todos os shows não fizessem parte deste corpo neste momento. Os movimentos eram errôneos, e a todo o momento eles se atrapalhavam. Seria cômico todo este estardalhaço com seus membros superiores se sua feição não fosse a descrição visual do desespero e angústia.
A angústia que se denunciavam nos olhos se baseava na incoerência daquele momento, onde os seus braços e mãos, ferramentas que eram as seus cartões de visitas, nesse momento de encontro com a plenitude daquele olhar se mostravam inúteis e, além disto, se tornavam barreiras. Os olhos continuavam a se fitar afastados exclusivamente pelo paradoxo. Enquanto isso ele começava a descobrir uma forma de desembaraço frente toda aquela situação. Ele começou a se despir daquilo que era o seu show e começou a se denunciar; como conseqüência encontrou os risos... A cada riso sentia menos um braço... Faltavam muitos risos, mas parece que o objetivo já estava traçado.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Crônicas de um palhaço sem graça - 5º Episódio
Deitado no escuro, seu fone de ouvido tocava uma trilha sonora aquática, algo que embalava a sua única lágrima que se desprendera e escorria tímida sob o lado direito da sua face. Transitava como uma informante enferma daquilo que congestionava o peito; escoava como fugitiva, como rastro de vida, como força que ainda pulsava dentro da sua couraça cansada, malhada inúmeras vezes, e que ele ainda hoje carregava a duras penas. A sensação era de afogamento, de dentro para fora era verdade, mas a sensação era essa. Os olhos embaçavam como parabrisa em dias de chuva e a pele se mantinha seca e áspera como asfalto. Respirava fundo em busca de humidade, como se buscasse o poço onde encontrasse a fonte termal... enquanto isso, pela janela, as sombras das árvores dançavam débeis na parede rivalizando com os pensamentos que circulavam sem sentido, só por hábito. As lágrimas que gritavam e se insinuavam continuavam inertes, quase que engarrafadas, na iminência de se derramarem...
-Respira fundo outra vez.
Mas não se derramavam. E tanta coisa passava pela sua cabeça, mas ele queria mesmo era se entregar, se afogar. Que se despencassem logo, ora bolas... Queria mergulhar sem aparelhos, apnéia total, gostaria de ter outras rachaduras no seu rosto, outras que fugissem a sua permissão, outras que lhe fizessem não precisar pensar nem dizer nada. Queria simplesmente desgelar o seu congelador e escorrer-se todo, molhar o chão e então poder escorregar. Gostaria de sentir-se fraco; gostaria de sentir-se.
Até não sobrar mais nada.
Quando viu as primeiras palavras escritas, percebeu que novamente não seria hoje. Paciência.
Sugestão de música: Tesoura do desejo - Alceu Valença.
Imagem by Niltim Lopes - www.flickr.com/niltim
domingo, 20 de junho de 2010
Domador de Si.
A coragem é o maior instrumento
O incerto é o momento
Que se coloca a sua frente.
O medo lhe impulsiona a dominar
Se impor, reconhecer e revisitar o que é o seu lugar
Sentir em que chão é que se pisa
Garantindo o passo seguinte,
Escondendo o medo que aflinge
O não saber o que virá.
És tirano do próprio medo
Corajoso a contrapeso
Buscando uma forma para domar;
Aquilo, ou aquele, que é indomável por natureza,
Improvável como certeza,mas necessária a compreensão.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Pensamentos Rimados nº 1.
Com os olhos molhados pela sua partida.
Nunca ele cantou tanto
e nunca se ouviu tanto lamento.
Era uma enxurrada de notas;
e eram amarradas em frases sem fim.
Parecia que chorava em acordes suspensos,
Parecia o Assum preto de seu Luiz.
Parecia não ter mais jeito,
Parecia que não tinha mais fim.
Até Acordar um belo dia
e conhecer uma linda nova melodia.
Com acordes tão belos e delicados,
Que não demorou nada e ele a cantou...
E cantarolou a noite inteira,
de forma tão apaixonada e verdadeira,
Que o sol e a lua esqueceram de alternar
e juntos ficaram durante todo o dia.
Foi quando o dia se fez noite
e a noite se fez dia.
Nada mais era como antes
Assim como antes nunca foi nada que agora era;
Ele não era mais o seu canto,
Mas seu canto agora era tudo que ele tinha.